sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Fluminense Campeão Carioca 1995

Por FLUnômeno —

  • 06:45

    Foto: Fluminense FC (Divulgação).

    O Campeonato Carioca 1995 foi a 28ª edição do campeonato vencido pelo Fluminense. Sem ganhar um título há quase 9 anos, o Tricolor das Laranjeiras tinha Renato Gaúcho como uma das peças principais da equipe. O vice daquela ocasião, no caso, o Flamengo, vinha da montagem de um grande time, já que aquele ano eram as comemorações do seu centenário. Em meio a isso, eles não pouparam esforços para montar um time de qualidade. Até mesmo Romário, melhor jogador do mundo na ocasião, e Tetra campeão da Copa do Mundo um ano antes, fez parte daquela seleta equipe.

    Competidores: Fluminense, Vasco, Botafogo, Flamengo, América RJ, Enterriense, Itaperuna, Barreira, Olaria, São Cristóvão, Madureira, Bangu, Vola Redonda, Americano, Friburguense e Campo Grande.

    CAMPANHA DO FLUMINENSE NO CAMPEONATO CARIOCA 1995

    Jogos: 28.
    Vitórias: 18.
    Empates: 07. 
    Derrotas: 03.

    Lista de Jogos


    1. Fluminense 0 x 1 Madureira. Dia 28 de Janeiro de 1995
    2. Fluminense 4 x 1 Americano. Dia 02 de Fevereiro de 1995
    3. Fluminense 1 x 0 Bangu. Dia 05 de Fevereiro de 1995
    4. Fluminense 1 x 0 Volta Redonda. Dia 08 de Fevereiro de 1995
    5. Fluminense 0 x 0 Flamengo. Dia 12 de Fevereiro de 1995
    6. Fluminense 2 x 1 Friburguense. Dia 15 de Fevereiro de 1995
    7. Fluminense 5 x 1 Campo Grande. Dia 20 de Fevereiro de 1995
    8. Fluminense 3 x 0 Madureira. Dia 23 de Fevereiro de 1995
    9. Fluminense 0 x 0 Americano. Dia 02 de Março de 1995
    10. Fluminense 1 x 1 Bangu. Dia 06 de Março de 1995
    11. Fluminense 1 x 2 Volta Redonda. Dia 09 de Março de 1995
    12. Fluminense 3 x 1 Flamengo. Dia 12 de Março de 1995
    13. Fluminense 3 x 1 Friburguense. Dia 15 de Março de 1995
    14. Fluminense 0 x 0 Campo Grande. Dia 18 de Março de 1995
    15. Fluminense 0 x 0 América RJ. Dia 26 de Março de 1995
    16. Fluminense 0 x 1 Botafogo. Dia 02 de Abril de 1995
    17. Fluminense 3 x 2 Vasco. Dia 09 de Abril de 1995
    18. Fluminense 3 x 2 Volta Redonda. Dia 17 de Abril de 1995
    19. Fluminense 4 x 1 Enterriense. Dia 22 de Abril de 1995
    20. Fluminense 4 x 3 Flamengo. Dia 30 de Abril de 1995
    21. Fluminense 1 x 0 Bangu. Dia 07 de Maio de 1995
    22. Fluminense 1 x 0 América RJ. Dia 14 de Maio de 1995
    23. Fluminense 0 x 0 Botafogo. Dia 21 de Maio de 1995
    24. Fluminense 1 x 0 Bangu. Dia 27 de Maio de 1995
    25. Fluminense 0 x 0 Vasco. Dia 04 de Junho de 1995
    26. Fluminense 2 x 0 Volta Redonda. Dia 11 de Junho de 1995
    27. Fluminense 3 x 0 Enterriense. Dia 18 de Junho de 1995
    28. Fluminense 3 x 2 Flamengo. Dia 25 de Junho de 1995

    Abaixo, segue um texto do Blog Jornalheiros, falando sobre o FlaFlu da final de 1995. Caso vocês queiram conferir e aprender mais sobre o Fluminense, visitem também o blog abaixo, link na fonte.

    Rio de Janeiro, 25 de junho de 1995.

    Amigos, diante de 120.418 pessoas* no Maracanã, Flamengo e Fluminense decidiram mais uma vez o Campeonato Carioca. Ressaltemos as palavras eternas de Nelson Rodrigues: em todo o mundo não há um jogo que chegue aos pés do Fla-Flu, que é cada vez mais empolgante. Cada jogo entre o Fluminense e o Flamengo parece ser o maior do século, e assim será eternamente. O Fla-Flu não tem começo, o Fla-Flu não tem fim. O clássico das multidões começou quarenta minutos antes do nada.

    "O primeiro zero a zero,
    O segundo três a um, (em alusão a vitória do Fluminense por 3 x 1 sobre o Flamengo)
    O terceiro foi quatro a três, (em alusão a vitória do Fluminense por 4 x 3 sobre o Flamengo)
    E o Flamengo virou freguês!"

    Assim cantou a torcida do Fluminense, naquele chuvoso domingo, antes do início da partida. A legião tricolor se referia aos três Fla-Flu's anteriores daquele certame. A galera pó-de-arroz fez bem ao relembrar a campanha. Sim, porque um título não se conquista em uma única tarde. Não. Um título é todo sangue, todo suor e todo lágrimas de um campeonato inteiro.

    Relembremos a fantástica jornada: o Fluminense montou um time de operários, comandado por Joel Santana, com folha salarial três vezes menor que a do Flamengo. Ao passo que, para comemorar seu centenário, o clube da Gávea contratou um verdadeiro escrete. Até Branco, ídolo tricolor, reforçou as linhas rubro-negras. E o que dizer da contratação de Romário, o melhor jogador do mundo? Ainda tinha o Sávio, a maior revelação do futebol brasileiro. Também estava lá Vanderlei Luxemburgo, o técnico bicampeão brasileiro pelo Palmeiras. Não havia dúvidas: o favorito do ano era mesmo o Flamengo**.

    Logo na estréia, perdemos para o Madureira em Conselheiro Galvão (0 x 1, 28/01). Parecia que seria mais um ano de vacas magras em Álvaro Chaves. Vivíamos o maior jejum de nossa história: longos nove anos sem títulos. A torcida tricolor não agüentava mais sofrer. Veio o primeiro Fla-Flu, estréia de Romário e o empate (0 x 0, 12/02). Um mês depois, veio a vitória no segundo Fla-Flu (3 x 1, 12/03)! E a torcida pó-de-arroz voltou a ter esperanças.

    Porém, começamos o octogonal final em desvantagem gigantesca. Éramos o único grande sem pontos extras: o Vasco tinha 1, o Botafogo tinha 1, e o Flamengo tinha 3. Para piorar, empatamos com o América (0 x 0, 26/03) e perdemos para o Botafogo (0 x 1, 02/04). Ao final da segunda rodada, o Flamengo liderava, com oito pontos a mais que o Fluminense (2 vitórias e 3 pontos extras). A vantagem rubro-negra parecia infinita. Mas então se iniciou a fantástica caminhada tricolor: do caos para a liderança. Do caos para a liderança, repito, essa foi a nossa épica jornada! Vencemos o Vasco, o Volta Redonda e o Entrerriense (3 x 2 de virada, 3 x 1, e 4 x 1). E então veio o terceiro Fla-Flu: ah, doce e santa vitória por 4 a 3!

    Então, vencemos o Bangu e o América (1 x 0 e 1 x 0), e empatamos com o Botafogo (0 x 0). Continuando, o Flu bateu o Bangu de novo (1 x 0) e empatou com o Vasco (0 x 0). Depois, vieram as vitórias sobre Volta Redonda e Entrerriense (2 x 0 e 3 x 0), e chegamos ao grande dia. O dia do quarto, decisivo e eterno Fla-Flu!

    Ao Flamengo, dono da melhor campanha, bastava o empate. Para o Fluminense, era vencer ou morrer. Os 120.000 fanáticos coloriam as arquibancadas, gerais e cadeiras do maior templo do futebol. De um lado, a massa rubro-negra, "proprietária da empolgação e senhora das arquibancadas, espalhando o pólen da auto-confiança". Do outro, a legião tricolor, "não menos empolgada, não menos confiante, mas com menos pessoas no estádio, na proporção de 2 para 1".

    Já disse que chovia. Repito e amplio: chovia demais. Desabava muita água sobre a cidade do Rio de Janeiro. Com a lama e as poças, o esforço dos jogadores era triplicado, dando uma dimensão de guerra ao Fla-Flu. E, nesse cenário, o inexcedível ímpeto tricolor começou a sobressair. Aos 30 minutos, Leonardo acha Rogerinho, que passa a Renato, e ele marca: 1 a 0 para o Flu. Aos 42, Renato briga pelo rebote do goleiro Roger, e toca para Leonardo: 2 a 0! A torcida tricolor, emocionada, começava a vislumbrar o fim do jejum:

    "Não é mole não, chegou a hora de gritar é campeão!"

    Não havia chegado a hora ainda. Abençoado seja o Fla-Flu, imprevisível, emocionante e cheio de alternativas! Branco cobra falta, e a bola explode no travessão! A torcida rubro-negra viveu o seu grande dia no Estádio Mário Filho: empurrou o time com uma pressão extraordinária. Aos 26 do segundo tempo, pela primeira vez na carreira Romário marca um gol no Fluminense. O tricolor Sorlei e o rubro-negro Marquinhos são expulsos na briga pela bola no fundo da rede.

    Dez contra dez, mais espaços em campo, e só faltava um gol para o Flamengo. A maior torcida empurrava o rubro-negro para a glória. E, aos 32, acontece o diabólico empate: Fabinho, o volante perna-de-pau, faz uma jogada digna de Cruyff, Rummenigge, ou Pelé: dá o drible e desfere o chute mortal. 2 a 2. Agora, a torcida do Flamengo não vê mais como perder o título.

    O Fluminense, que jogara por música no primeiro tempo, parecia fulminado. Lira perdeu a cabeça, deu uma tesoura e foi expulso pelo árbitro Léo Feldman. Nove contra dez. Alguns tricolores começaram a ir embora. Os flamenguistas gritavam "é campeão".

    Mas... abençoado seja o Fla-Flu, imprevisível, emocionante e cheio de alternativas! Ronald tem a bola na meia-direita, e toca na ponta-direita para Aílton, que invade a área. "Chuta, chuta, chuta!", implorava eu, com meus pensamentos de menino que nunca havia visto o Fluminense campeão. Antes de chutar, Aílton dribla para a esquerda, e dribla de novo para a direita, entortando Charles. "Ai, meu Deus!". Veio então o disparo de perna direita. Aquele não era apenas um chute a gol: era o lance de todo o campeonato. Para mim, era mais até do que isso: era o lance mais importante da história do futebol.

    E então ocorre o desvio na barriga de Renato, e o gol! Era o golpe que ficou, fica e ficará para sempre na memória de todos. Era a vitória, era o título! Fluminense, campeão carioca de 1995!

    Amigos, nossa humildade pára aqui. Passamos todo o campeonato com um passarinho em cada ombro, e as duras e feias sandálias nos pés. Agora, podemos soltar o grito de "é campeão". Como disse o técnico Joel Santana, quem esperou nove anos tem que comemorar nove anos. A música do final, ao mesmo ritmo da inicial, exaltava a conquista:

    "O segundo três a um,
    O terceiro quatro a três,
    O quarto foi três a dois,
    E o campeão é o pó-de-arroz!"

    E daqui a trezentos anos, o Rio de Janeiro dirá, mordido de nostalgia: "Aquele Fla-Flu!".

    PC

    * O público presente foi de 120.418 pessoas, e o público pagante foi de 112.285 pessoas.

    ** Ainda havia os nada desprezíveis times de Vasco e Botafogo. O Vasco mantinha a base que havia sido tricampeã (1992/93/94). O Botafogo tinha o segundo melhor time de sua história, que ganharia o título mais importante da história do clube no final do ano.

    Escalações:
    Fluminense: Wellerson, Ronald, Lima, Sorlei e Lira; Márcio Costa, Aílton, Djair e Rogerinho, depois Ézio; Renato Gaúcho e Leonardo, depois Cadu. Técnico: Joel Santana.
    Flamengo: Roger, Marcos Adriano, depois Rodrigo, Gelson, Jorge Luís e Branco; Charles, Fabinho, Marquinhos e William, depois Mazinho; Romário e Sávio. Técnico: Vanderlei Luxemburgo.